Estudo do Meio: Teoria e Prática


O Estudo do Meio pode ser compreendido como um método de ensino interdisciplinar que visa proporcionar para alunos e professores o contato direto com determinada realidade, um meio qualquer, rural ou urbano, que se decida estudar
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Objetivos

O Estudo do Meio refere-se a um conjunto de atividades com o intuito de promover a compreensão da realidade socioambiental dos alunos, através de estratégias de campo que objetivam observar, analisar, compreender, intervir, conhecer o meio ao nosso redor.

Desenvolve-se por meio de estratégias de investigação propostas pelo professor e/ ou pesquisador.

Esta atividade pedagógica se concretiza pela imersão orientada na complexidade de um determinado espaço geográfico, do estabelecimento de um diálogo inteligente com o mundo, com o intuito de verificar e de produzir novos conhecimentos.

Umas das principais características do Estudo do Meio é a interdisciplinaridade, ou seja, seu caráter integrador pode englobar as diversas disciplinas, bem como diversos profissionais da escola.

Através de uma proposta de Estudo do Meio, a construção do conhecimento é feitas através da interação entre os sujeitos e o objeto do conhecimento.

Entendendo-se que o objeto de conhecimento inclui os indivíduos e suas relações em toda a dimensão social que é constitutiva dos sujeitos no movimento de conhecer”
Nídia Nacib Pontuschka

  1. Consolidação de um método de ensino interdisciplinar denominado Estudo do Meio, no qual interagem a pesquisa e o ensino

  2. Verificação de testemunhos de tempos e espaços diferentes: transformações e permanências

  3. Levantamento das representações específicas dos atores sociais a serem contatados

  4. Observações nos diferentes lugares a serem visitados

  5. Produção de fontes e documentos: anotações escritas, desenhos, fotografias e filmes

  6. Troca dos diferentes olhares presentes no trabalho de campo, através das visões diferenciadas dos diferentes atores envolvidos no curso

  7. Coleta de dados e informações específicos do lugar, de seus freqüentadores e das relações que mantêm com outros espaços

  8. Emersão de conteúdos curriculares disciplinares e interdisciplinares

  9. Produção de instrumentos de avaliação em um trabalho participativo.


Estudo de Meio Passo a Passo

  1. O ponto de partida é, com base na proposta pedagógica e no currículo da escola, identificar os temas que melhor se adaptam a essa metodologia de ensino (exigem o trabalho com várias disciplinas e só funcionam quando observamos a realidade à nossa volta).

  2. É hora de definir objetivos pedagógicos. Acima de tudo, eles devem ser produto do trabalho coletivo dos professores envolvidos.

  3. Em seguida deve ser feita uma relação de lugares que se adaptem a esses objetivos e, claro, estejam dentro da realidade socioeconômica dos alunos. Esse é o momento de decidir se dá para fazer uma viagem, uma pequena excursão ou apenas um passeio pelos arredores da escola.

  4. Agora, o ideal é que um grupo de professores de áreas diferentes faça uma visita prévia ao lugar escolhido. Além das questões operacionais (transporte, alimentação, hospedagem, se houver), eles podem definir os locais a serem conhecidos pela turma e entrar em contato com pessoas que conhecem bem a região. “Em outras palavras, preparar o terreno”. (Nídia Pontuschka)

  5. Ainda na escola, é fundamental fazer um planejamento detalhado. Sem esquecer que imprevistos acontecem, é muito bom estar preparado para incluí-los no programa.

  6. Às vésperas do passeio, os alunos devem tomar contato com o que vão encontrar em campo. Em classe, mostre mapas, fotos e vídeos ou promova palestras e debates. Em viagens, é bom cada estudante montar um caderno de anotações e ilustrações.

  7. Chegando ao destino escolhido, Nídia sugere ir até um local de onde se tenha uma vista da região, para uma noção geral do que explorar.

  8. Durante a visita, os comentários e as observações dos professores são importantíssimos, para dirigir o olhar dos alunos e proporcionar a troca de impressões. Desenhar o que se vê é ótimo. “Isso nos obriga a olhar para a paisagem com mais atenção”. No caso de uma viagem, os momentos de lazer são parte fundamental do trabalho – para aliviar a cabeça e ajudar a manter a concentração nos momentos necessários.

  9. De volta à escola, é preciso concluir o trabalho. De um simples relatório a um site, passando por peças de teatro, exposições e debates, tudo pode ajudar a turma a fixar os conceitos e entender como eles se relacionam com a realidade. Ninguém vai esquecer a experiência.

 

Trabalhos de Campo

O Trabalho de Campo é um instrumento didático que tem sido amplamente utilizado pelos professores do Ensino Fundamental e Médio numa intenção de associar teoria e prática.

Mas tem se percebido que estes trabalhos são feitos muitas das vezes de forma não planejada transformando a atividade em passeios, excursões e até mesmo palestras, fugindo dos moldes de um trabalho de pesquisa propriamente dito, onde os alunos possam ser parte do processo de percepção e análise dos fenômenos que foram propostos para o estudo.

O Trabalho de Campo é entendido como toda e qualquer atividade investigativa e exploratória que ocorre fora do ambiente escolar, é um tipo de atividade que é na maioria das vezes muito bem aceita pelos alunos, em função da possibilidade de sair da rotina escolar de sala de aula, e é um instrumento didático importante no ensino de Geografia, uma ciência que se encarrega de explicar os fenômenos resultantes da relação sociedade/espaço. Outras expressões comumente são utilizadas para se referir a este tipo de atividade como: aula de campo, pesquisa de campo e outras.

Um Trabalho de Campo bem planejado deve perpassar pelas seguintes etapas:

  • inicialmente eleger uma temática, que pode ser por exemplo um conteúdo que comumente os alunos enfrentam dificuldades pra assimilar;

  • em seguida o professor deve fazer uma visita previa ao local ou locais que levará os alunos,

  • a partir deste momento o professor já pode mensurar a viabilidade financeira e pedagógica do trabalho;

  • após este momento é hora de construir o planejamento deixando bem claro principalmente, objetivos e metodologia;

  • deve se ter um momento pra discutir com direção e coordenação pedagógica o tipo de trabalho que será realizado, para que os mesmos possam comunicar os pais em caso de alunos menores.

A discussão da temática em sala de aula antes de ir a campo é que irá nortear o trabalho, o professor poderá instigar os alunos a levantar hipóteses e problemas a serem comprovados e/ou discutidos em campo.

Enquanto recurso didático, o trabalho de campo é o momento em que os alunos podem observar tudo o que foi discutido em sala de aula, onde a teoria pode ser percebida na realidade, por isso a importância da atividade ser bem planejada, para que não se transforme em um passeio e sim num momento único de produção de conhecimento. 

É importante que os alunos se envolvam no trabalho como investigadores, e que possam descrever, analizar, refletir, questionar sobre o que esta observando.

Os trabalhos de campo não podem ser realizadas em forma de palestras, onde os professores fazem seu discurso e os alunos são tratados como meros ouvintes, este tipo de atividade precisa se desvencilhar desta pratica que ainda é muito comum nas escolas.